Por Diego Aquino
Um
jogo tosco. Se tivesse que definir a atuação do Palmeiras, ou mesmo o que foi a
partida no Mineirão, talvez passasse algumas horas para encontrar melhor
predicado. Não que se esperasse pressão ofensiva e o comum abafa na saída de
bola dos tempos de Roger Machado, ou ainda, que se esperasse infiltração dos
meias e a quebra das linhas com dribles como Keno costumava fazer, o Scolarismo
não se define assim. E o Scolarismo não foi suficiente para que o Palmeiras
superasse a sua primeira grande barreira na temporada.
Esperava-se jogo estudado nos primeiros
minutos que gradativamente evoluísse para entendimento e domínio das ações por
parte do Palmeiras, com o Cruzeiro bloqueando os espaços e tentando encontrar a
bola do contra-ataque. O Cruzeiro encontrou esta bola quando o time ficou
desbalanceado com as saídas precipitadas de Dracena, e por que não, de Weverton
que poderia esperar a definição de Barcos no lance do gol cruzeirense aos 27 do
primeiro tempo. Já o Palmeiras, em nenhum momento teve a agressividade, nem tampouco,
domínio das ações do jogo e permanecia “encaixotado” nas linhas compactas e de
pouquíssimos espaços da competente defesa de Mano Menezes.
O
Palmeiras errava em demasia com Marcos Rocha e Diogo Barbosa na saída de bola, e
com Bruno Henrique que não fazia a transição e sobrecarregava Moises, obrigando-o
a abandonar Borja para se juntar a linha de volantes. Com isso, o primeiro
tempo palmeirense se resumiu “quebrar” bolas para que Borja a disputasse com a
dupla de zaga bem posicionada e forte do Cruzeiro, obviamente ação improdutiva.
O
problema da saída de bola e de aproximação tornou-se crônico no Palmeiras com
Felipão, que procurando diminuir a exposição do time à contra-ataques, privilegia
a ligação direta e o posicionamento quase estático em detrimento à pressão na
bola no campo ofensivo, ocupação de espaço e triangulações.
No
segundo tempo, Felipão promoveu as entradas de Guerra e Deyverson nos lugares
de Bruno Henrique e Borja, recuando Moises para jogar na linha de volantes com
Felipe Melo.
Com os
lados bloqueados e a apagadíssima partida de Dudu, a entrada de Guerra
objetivava dar celeridade ao jogo por dentro, e por mais que o venezuelano
tenha jogando mal errando muitos passes, o lado esquerdo com William passou a
ser mais acionado.
Previa-se
que a entrada de Deyverson melhorasse o resultado da ligação direta caso Moises
e Felipe Melo não conseguissem fazer a transição, e ainda, colocasse maior
pressão na defesa cruzeirense. Mas a atuação de Deyverson foi discreta, exceto
por um contra ataque que o próprio proporcionou à Robinho que imaturamente não
matou o jogo para o Cruzeiro.
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Crédito: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação |
No
melhor momento palmeirense no jogo, e na única ocasião que o Palmeiras
conseguiu sucesso às costas de Egídio (que nasceu para jogar no Cruzeiro ,
incrível!), saiu o escanteio que Dudu cobrou para o belo gol de Felipe Melo.
Tento este, muito semelhante ao feito pelo mesmo contra o Bahia.
A
partir de então Mano Menezes imediatamente reforçou o contra ataque cruzeirense
com Sassá e elevou a média de altura da equipe com Bruno Silva, funcionou. O
Cruzeiro voltou a controlar o jogo já que Felipão mesmo pressionado pelo
resultado, não promoveu a entrada de meias como Lucas Lima ou Hyoran, e
preferiu gastar a sua última troca com Jean na vaga de Moises. Substituição
muito mais preocupada com o contra-ataque puxado por Sassa do que com a
necessidade do gol da vitória.
Em 180
minutos de confronto o Palmeiras se viu fora de sua zona de conforto,
precisando propor o jogo e criar os espaços. Por pouquíssimos minutos o
Palmeiras foi superior, e por isto, mereceu a desclassificação que deve servir
de alerta para ajustes finos que precisam ser promovidos no time “principal”, como
a escolha por um zagueiro mais rápido do que Dracena e a entrada de um meia de
criação. Mas sobretudo, o Palmeiras precisa encontrar o seu jogo de proposição,
já que, possivelmente, encontrará desafios semelhantes nas duas frentes que lhe
restam.
No
contexto da eliminação, Felipão irá servir como o para raios que foi chamado a
ser, um escudo de representatividade maior do que qualquer palmeirense em campo
ou fora dele. Espera-se que a desilusão hoje sentida se reverta imediatamente em
bons jogos contra o mesmo Cruzeiro e São Paulo pelo Brasileirão, e sobretudo, em
desempenho muito melhor na hipotética semifinal da Libertadores contra o Boca
Juniors. Cabe lembrar, que ainda há muitas taças em disputa, e não custa sonhar
que a tríplice coroa ainda é alvo real.
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