Por Mauro Ruy de Almeida
O Conselho
Deliberativo do Palmeiras aprovou, na noite da última segunda-feira (21), uma
importante mudança no estatuto do clube: a alteração na duração do mandato de
presidente, que era de dois anos passará a ser de três, a partir da próxima
eleição, que ocorrerá em novembro deste ano. Assim, o próximo presidente
ocupará o cargo no triênio de 2019 a 2021. A alteração ainda está sujeita Ã
aprovação em assembleia dos sócios, contudo, a tendência é que seja ratificada.
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Foto: César Greco / Palmeiras |
Esta mudança é uma
demanda antiga de diversas correntes polÃticas do Palmeiras, que entendiam que
o prazo atual era muito curto para que um presidente pudesse desenvolver todos
os seus projetos, além da constante efervescência polÃtica nas alamedas
palestrinas, afinal ano sim, ano não, o clube estava em perÃodo eleitoral.
Apesar disso, tal proposta seguiu engavetada por longos anos, indo para
apreciação pelo conselho apenas agora em 2018, indicando um eventual casuÃsmo
na votação.
Entendo que a
mudança de dois para três anos, por si só, tem aspectos bastante positivos para
o clube, como a já citada redução na efervescência eleitoral e o maior prazo
para execução das propostas apresentadas em campanha. No entanto, acredito que
deveria valer a partir de 2020, tendo em vista que estamos a aproximadamente
seis meses das eleições deste ano, e mudanças desta proporção acabariam por
alterar as regras do jogo em uma data muito próxima à qual será realizado o
pleito. Para efeitos de comparação, a própria Legislação Brasileira, no que
tange as eleições aos cargos do legislativo e executivo, estabelece vários
itens que caso sofram alterações, tais mudanças devem ocorrer no prazo superior
a um ano antes da data da eleição. Assim, qualquer modificação que venha a
ocorrer na legislação eleitoral, no prazo inferior a um ano, não possui
validade para a eleição que está por vir.
Voltando ao
Palmeiras, o fato é que a aprovação da alteração estatutária acaba por
beneficiar diretamente o grupo polÃtico que, atualmente, comanda a diretoria do
clube, mais especificamente MaurÃcio Galiotte e Leila Pereira. O atual
presidente, que deve pleitear a reeleição em novembro, se beneficiaria ao
desenvolver um segundo mandato com um ano a mais que o previsto inicialmente,
enquanto que a presidente da atual patrocinadora do Palmeiras, que se tornou
conselheira em fevereiro de 2017, estaria apta a se candidatar ao cargo mais
importante nas próximas eleições, tendo em vista que o estatuto estabelece a
necessidade de cumprir dois mandatos como conselheiro para poder se candidatar
à presidência do clube, pré-requisito que ela atingiria em fevereiro de 2021.
Em termos práticos, a alteração acaba por antecipar, em um ano, uma eventual
candidatura de Leila Pereira à presidência, e mais do que isso, abre a
possibilidade de MaurÃcio Galiotte, caso seja reeleito no fim desse ano, poder
fazer de Leila sua imediata e natural sucessora.
Dessa forma,
considerando todos os aspectos, o Conselho Deliberativo acabou por tomar uma
importante decisão do ponto de vista de gestão, mas expôs ao clube um grande
risco, uma vez que retirou obstáculos e acelerou o processo da iminente chegada
à presidência do clube daquela que é a presidente do grupo “Crefisa/Fam” que
patrocina o Palmeiras atualmente.
Sem dúvidas, muita
coisa pode acontecer nos próximos três anos, mas, ainda assim, a eventual
simbiose Palmeiras/Crefisa já causa preocupações a todos aqueles que querem o
bem do clube. Primeiro por termos inúmeros casos de parcerias em que os clubes
acabaram cooptados pelo poder financeiro dos patrocinadores. A relação
Fluminense/Unimed talvez seja o caso mais recente, sendo que, no momento em que
o patrocinador se retira do clube, o passivo é assombroso, especialmente pela
dependência a qual o clube acaba se sujeitando durante o perÃodo da parceria;
segundo por alçar ao posto mais alto de nossa diretoria um “meteoro” que pouco
conhece da polÃtica do clube (e provavelmente da história também), além de
termos, a caneta e o dinheiro sendo operados pela mesma pessoa, algo bem
distante da profissionalização que sempre sonhamos, e processo pelo qual
passamos com significativo sucesso no quadriênio 2013 a 2016, este sim o
principal responsável pela recuperação do Palmeiras no cenário brasileiro.
Por fim, resta a nós palestrinos, acompanhar os próximos passos dessa
história, pois precisamos ter um Palmeiras cada vez mais forte,
profissionalizado e com as suas fontes de receitas bem distribuÃdas, ao passo
que também precisamos que o grupo Crefisa/Fam continue crescendo cada dia mais
para continuar efetuando seus investimentos. Acima de tudo, devemos vigiar os
desdobramentos focando e torcendo sempre para aquilo que for o melhor para o
clube no longo prazo e não apenas a curto prazo, quando podemos acabar sendo,
efetivamente, beneficiados pelas vultosas e sucessivas injeções de recursos,
mas que podem acabar custando caro ao futuro do maior campeão do Brasil.
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