Por Mauro Ruy de Almeida
Na última semana, ao assistir ao jogo
da seleção brasileira com a presença do nosso camisa 33, em campo, vestindo
dessa vez a 9 canarinho, tenho certeza que um filme passou na mente de cada
palmeirense presente no Allianz Parque ou diante da televisão Brasil afora. O
filme é recente, relativamente curto quando comparado a outros ídolos de nossa
história, mas extremamente vitorioso. Trata-se de um filme com roteiro quase
perfeito, pouquíssimos questionamentos e muitos motivos para sorrir e chorar de
emoção.
Neste filme, cabe destacar a sua
segunda metade que transcorre ao longo do último ano com destaque para nossa
trajetória rumo ao eneacampeonato, momento no qual o nosso menino Gabriel Jesus
consolidou-se e escreveu seu nome em nossa riquíssima história afirmando-se
meteoricamente como um grande protagonista.
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Créditos: Ivan Pacheco / Veja.com |
Ainda assim, em diversos momentos,
ficava pensando como ele tinha dado "sorte" de ser lançado em um time
mais estruturado e melhor qualificado que o permitia desabrochar para o mundo
do futebol e alcançar grandes conquistas já no começo de sua carreira. Ficava
imaginando como seria se o Gabriel Jesus fosse lançado em algum time do período
de 2004 a 2014, quando alternamos times que ou eram ruins ou eram péssimos, com
raríssimas exceções como o primeiro semestre de 2008. Será que ele seria todo
esse sucesso? Será que a carreira atingiria as conquistas e o reconhecimento
que ele já obteve?
Em 2016, por diversas vezes, pensei:
que “sorte” do Gabriel Jesus poder olhar para o gol e saber que tem dois
goleiros que protegerão a meta implacavelmente; que “sorte” a dele em saber que
tem dois zagueiros espetaculares na jogada aérea, um mais habilidoso e o outro
com velocidade e ótimo poder de recuperação; que “sorte” a dele ter dois
jogadores extremamente regulares que passaram boa parte de sua carreira atuando
no meio, mas, hoje, coordenam as jogadas pelas laterais do campo; que “sorte”
poder olhar para o meio de campo e ver um jogador desarmando todos os adversários
e passando o cadeado no sistema defensivo ao lado de uma formiguinha que
transita em todos os setores do campo na melhor definição prática de
intensidade e, ao lado destes dois, um jogador moderno, cabeça erguida que dita
o ritmo do jogo, cadenciando quando necessário, acelerando quando preciso e
clareando os jogos nos momentos mais oportunos; e como ele é “sortudo” em ter
ao seu lado no ataque pela direita um jogador veloz, que faz bem o corredor e
dá profundidade ao time, e pela esquerda um jogador habilidoso, que compõe o
meio quando necessário, faz jogadas em diagonais e amplia o leque de jogadas do
menino do Peri.
Sim, em muitos momentos, este era o
meu raciocínio. Aquele menino vindo das nossas divisões de base era a cereja do
bolo alviverde, aquela peça que completa a engrenagem. Mas, hoje, eu sei que
estava equivocado e com o passar do tempo, sempre ele, sábio e senhor da razão,
me apresenta uma outra forma de olhar para aquele garoto. Mas como assim? O que
o tempo tem a ver com essa história?
Sim, o tempo... Como ele é
implacável. O ano de 2016 acabou. O menino Jesus alçou novos vôos. Um novo ano
começou e aquele mesmo time, aqueles mesmos jogadores, não conseguiram jogar
mais o que vinham jogando. Os questionamentos vieram e quando se olhava para o
campo a única diferença que se notava era a ausência daquele “menino de sorte”.
Mas quando olhávamos para nossa seleção ou para o Manchester City lá estava o
nosso garoto se destacando, dando assistências, fazendo gols e em seu gesto
típico ligando para sua mãe para avisar que havia feito mais um gol.
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Créditos: Marcos Ribolli / Globoesporte.com |
Foram tantos gols e tantas ligações
que uma dessas eu tenho certeza que foi para a torcida do Palmeiras para
agradecer e pedir para que nós nunca nos esquecêssemos dele como ele já havia
feito em sua despedida no dia em que erguemos a nona taça de Campeão Brasileiro.
Mas a verdade é que ao desligar o telefone, os torcedores do Palmeiras olharam
uns para os outros e disseram: “Que sorte a nossa de ter o Gabriel Jesus!!!”.
Obrigado Jesus e muito sucesso em sua carreira! A nossa sorte foi tão grande
que precisávamos de um tempo para que o compreendêssemos.
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