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quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Para o alto e "Avanti": o protagonismo dos técnicos interinos

Por Mauro Ruy de Almeida



Ao longo dos últimos dias temos observado uma transformação no cenário do Campeonato Brasileiro de 2017. O torneio que já parecia ter seu campeão definido, restando apenas saber quando seria a entrega da taça, viu a disputa ficar novamente em aberto após uma sequência ruim do líder, atrelada a três vitórias do Palmeiras nos últimos três jogos. Não bastasse essa mudança nos rumos do campeonato, o mais curioso é que o alviverde tenha conseguido essa sequência justamente no momento em que teve que recorrer ao seu interino, Alberto Valentim, após a saída do atual técnico campeão brasileiro.

Créditos: Marcello Fim / Estadão Conteúdo
Mas como explicar essa arrancada palmeirense através de um técnico interino? Recorrendo à história, a grande verdade é que esse fato não é inédito e ainda mais incrível é que ele ocorre com uma certa frequência. Podemos nos lembrar do caso Andrade/Flamengo em 2009, quando o auxiliar assumiu o time rubro-negro justamente no lugar do Cuca e levou o time da gávea ao título brasileiro, ou do Jair Ventura que assumiu o Botafogo no início do returno em 2016 e levou o time que lutava contra o rebaixamento para uma vaga na Libertadores, ou ainda, se voltarmos um pouco mais no tempo lá entre 1999 e 2000 quando o então auxiliar técnico Oswaldo de Oliveira substituiu Vanderlei Luxemburgo que havia assumido a seleção brasileira e sagrou-se campeão com o nosso maior rival.

Em minha opinião, de um modo geral, os treinadores interinos possuem algumas virtudes que devem ser trazidas para o debate, pois no mundo do futebol atual de super técnicos, esquemas táticos sendo debatidos em campos e mesas virtuais em todos os canais esportivos, os interinos tendem a se apoiar em quatro pilares quando são chamados a assumir um time:
  • Simplificam o esquema tático dos times: nada de reinventar a roda, tentar montar um novo Barcelona ou um novo carrossel holandês, o que na minha visão facilita a assimilação pelos jogadores e dá maior fluidez ao time;
  • Escalam os jogadores em suas devidas posições: lateral na lateral, volante à frente da área e meio campo e ataque nas suas funções...nada de volante atuando improvisado, meio campo fechando a lateral e outras revoluções futebolísticas normalmente efetuadas por quem já tem maior lastro no futebol;
  • Transferem maior responsabilidade aos jogadores: naturalmente sem a figura do super técnico, a responsabilidade do treinador é redistribuída aos jogadores, o que pode vir a dar resultado uma vez que eles perdem essa “blindagem” e passam a ser mais responsabilizados pela performance e resultados apresentados.
  •  Proximidade com os jogadores: como normalmente os interinos são auxiliares que já integram a comissão técnica, eles possuem um conhecimento maior do elenco no dia a dia, e justamente por não serem os “chefes” possuem uma maior proximidade com cada atleta, permitindo assim um maior entendimento na maneira sobre como lidar com cada um dos jogadores.

Então é tão simples assim? Basta colocar o interino e os resultados virão? Se fosse tão simples, por que todos os clubes não apostam em interinos? Aí entra então a segunda parte da resposta. Entendo que os interinos, na média, possuem as características acima, no entanto, por melhores que sejam essas virtudes, elas possuem efeito maior no curto prazo. No médio e longo prazo, essas virtudes vão se dissipando e os efeitos gerados perdem força. Para que essa transformação não seja apenas repentina é necessário que o técnico interino possua repertório, isto é, conhecimento tático, capacidade de montagem e execução de treinamentos, conhecimento sobre gestão de grupos, leitura de jogo e todas as demais características que compõem um bom treinador.

Nesse cenário cabe, portanto, ao diretor de futebol compreender como está a evolução do trabalho e discernir se o seu treinador interino possui os atributos que o permitam conduzir o time a bons resultados no médio e longo prazo. No caso do Palmeiras, talvez ainda seja cedo para opinar, mas além dos resultados algumas mudanças conceituais já chamam a atenção como o posicionamento da primeira linha de defesa, um time melhor distribuído em campo, a busca constante pela troca de passes - nas últimas três rodadas, o Palmeiras é o time que mais troca passes no campeonato -, o aumento na efetividade ofensiva, além da maior concentração de jogadas pela faixa central do campo.

Créditos: César Greco / Ag. Palmeiras
Pela grandeza do clube, pelas cobranças que virão e pela tal “obrigação” de vencer tudo que disputar, o trabalho desempenhado pelo Alberto Valentim ainda precisa ser melhor analisado. Acredito que as próximas oito rodadas serão decisivas nessa análise, e não acredito que essa análise deva passar apenas pelo resultado obtido, mas sim pelo desempenho que a equipe venha apresentar ao longo dos jogos. Assim, com essa sequência de jogos, conseguiremos saber se o desempenho dos últimos três jogos é apenas um efeito de curto prazo, ou se o trabalho do nosso interino poderá evoluir no médio e longo prazo. Minha opinião: acredito que ele reúna as condições necessárias para desenvolver um trabalho prolongado no Palmeiras.

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